INTRODUÇÃO
O que é um rito? De acordo com o
comentarista da lição, rito é “o conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas
que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé”. No livro de Miquéias,
percebemos que o povo de Deus parecia cumprir os rituais exigidos pela Lei (e a
até o que a lei não exigia). O povo, no entanto, não compreendia a essência da
Lei. Suas ações eram mecânicas e cumpridas como “simples obrigações
religiosas”.
O livro de Miquéias nos mostra a
indignação do Senhor com relação ao seu povo e também nos revela os motivos
dessa indignação. Na figura de um tribunal, Deus é aquele que denuncia,
testemunha e julga o seu povo. Ao mesmo tempo em que se senta no banco dos réus
e convida seu povo a testemunhar contra Ele, dizer o que Ele teria feito de
errado para que se afastasse dele daquele forma. Ele é também o advogado,
aquele que defende os que se arrependem de forma sincera.
Por meio dessa lição poderemos
compreender:
- Onde foi que o povo errou?
- O que Deus esperava do Seu povo?
- A ira inevitável de Deus para os rebeldes.
- A compaixão inigualável de Deus para os que se arrependem.
Além disso, veremos que tais
ensinamentos são bastante atuais. As profecias se dirigem a Israel e a Judá,
mas também a todas as nações, em todos os tempos. Uma prova disso é o fato de
que Miquéias profetizou o advento do Messias e a libertação que Ele operaria
sobre todos os povos. Tal promessa se cumpre todos os dias, na Igreja do
Senhor.
DESENVOLVIMENTO
O profeta Miquéias
- Contemporâneo de Isaías e Oséias (séc. VIII a.C);
- Ministério: Reino do Sul (Judá). Mas suas profecias são
também para Samaria e para todas as nações. Entre os anos de 735 a.C. e 710
a.C. (Jr. 26.18) - Reinado de Ezequias;
- Viveu nos reinados dos reis Jotão (740-731 a.C.), Acaz
(731-716 a.C) e Ezequias (716-686 a.C);
- Origem: Moresete-Gate (a 32 km de Jerusalém);
- Mi (“quem”) que (“como”) ias (“Jeová”): “Quem, ó Deus, é
semelhante a Ti?”;
- Estilo poético;
- Tema do
livro: “a incomparável compaixão do Senhor”[1].
Denúncia
“Qual é a
transgressão de Jacó? Não é Samaria?
- Samaria, a capital de Israel (reino do Norte) era
responsável pela transgressão do povo. Sua influência levou ao aumento da
idolatria e do pecado no Reino do Sul (1.9).
“E quais
os altos de Judá? Não é Jerusalém?”
- Jerusalém, a capital de Judá (reino do Sul) era responsável
pelos altos, pela idolatria de Judá.
Somos
responsáveis por nosso pecados, mas também somos responsáveis por nossos
irmãos. Não devemos levar o irmão a pecar. “... É impossível que não venham
escândalos, mas ai daquele por quem vierem!” (Lc 17.1)
Como nasce o pecado?
“Ai
daquele que:
1)
“intenta”, deseja a iniquidade “à
noite” (dá lugar a maus intentos);
2)
maquina o mal (premeditação);
3)
pratica o pecado “à luz da alva” (põe
em prática o pecado planejado e escandaliza os outros)
Que pecados o povo cometeu?
-
cobiças, roubos,
violência (2.1,2)
|
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-
falsas profecias -
espírito de falsidade e mentira (2.11)
|
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-
liderança
corrompida - canibais (3.1-3)
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-
profetas que fazem
errar o povo (3.5)
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-
perversão do que é
direito - “nada a ver” (3.9)
|
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-
chefes que dão sentenças
por presentes
|
“se encostam ao Senhor” (3.11)
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-
sacerdotes que
ensinam por interesse
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-
profetas que
advinham por dinheiro
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-
sacrifícios o ofertas sem arrependimento,
até sacrifícios humanos (6.6,7)
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-
“tesouros de impiedade” – coisas adquiridas de forma errada (6.10)
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-
injustiça no proceder – “efa pequeno”, “balanças enganosas” (6.10,11)
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-
mentira (6.12)
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-
andar nos caminhos dos ímpios (6.16)
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-
divisões dentro do lar (7.6)
|
A figura
de um tribunal: o Senhor é quem:
- denuncia (não “acusa”) e testemunha:
nada é oculto aos olhos do Senhor. O povo pensava que se mantivesse as
aparências (os ritos), o Senhor ignoraria seus pecados.
- julga: só ao Senhor cabe
julgar. (Tg 4.12)
- defende: (I Jo 2.1) ele
advoga a causa daquele que (7.9):
1)
assume o seu pecado e se arrepende
(“pequei contra Ele”)
2)
deseja levantar-se e deixar o pecado
(“levantar-me-ei”)
3)
busca o perdão do Senhor (“o meu Deus
me ouvirá”)
4)
aceita o julgamento de Deus, o
tratamento que Ele lhe impuser (“sofrerei a ira do Senhor”)
5)
espera o tempo de Deus (“até que julgue
a minha causa”, “esperarei no Senhor”)
O que Deus espera do
seu povo?
- honestidade em tudo (Deus se importa com os detalhes)
- fidelidade e beneficência (compaixão Mt 5.7)
- compromisso de submeter-se a Deus (depender totalmente
dEle, humildade)
(Dt 10.12,13; Is 1.15-17; Mt 12.7; Mt 23.23; Tg 1.27)
“Os três preceitos –
praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus – são
considerados pela tradição judaica, desde o século I a.C., o resumo dos 613
preceitos depreendidos da lei de Moisés. (...) Os dois primeiros preceitos
falam do compromisso horizontal [I Jo 3.16] com o
nossos próximo; e o terceiro, do compromisso vertical [I Jo 4.21] com Deus. Isso vale para todos os seres
humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a Deus acima de todas as coisas e
ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).”[2]
Qual o problema com
os sacrifícios (ritos)?
“Nada é aceitável a menos que a pessoa esteja em um
relacionamento adequado com Deus e com o próximo.”[3]
- Os sacrifícios oferecidos pelo povo na época de Miquéias
eram como “indulgências”, como se estivessem pagando uma taxa para poderem
permanecer em seus pecados. Não há valor em sacrifícios e ofertas, liturgias e
ritos praticados sem um coração comprometido com Deus. “Milhares de carneiros”,
“ribeiros de azeite”, “o próprio filho”, um carro, meu salario inteiro,
cânticos vazios de adoração, são inúteis e apenas irritam ao Senhor, quando não
há obediência.
“Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus,
pede de ti, senão que temas o Senhor,
teu Deus, e que andes em todos os
seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua
alma, para guardares os mandamentos [obedecer] do Senhor e os seus
estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?” (Dt 10.12-13)
“Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os
olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as
vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos,
tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que
é reto; ajudai o oprimido (...)” (Is 1.15-17)
Profecias do cativeiro babilônico
- Antes mesmo que a
Babilônia se tornasse um poder mundial.
- Cativeiro (escravidão): julgamento de Deus contra a rebelião
e a idolatria do povo.
- Samaria influenciou maleficamente Judá: muitos altos foram
construídos (idolatria dos cananeus em disputa com a verdadeira adoração)
- Esperança: um “restante” seria restaurado. Dois sentidos:
restauração do cativeiro e/ou restauração espiritual de muitos povos ( a
Igreja)
- Compaixão: “Quem,
ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da
rebelião do restante da Tua herança” (7.8)
Promessas de Esperança
- Miquéias profetizou o
nascimento do Messias em Belém de Efrata, que na época era um cidade pequena e
desconhecida.
- Sua profecia apresentava seis aspectos do Messias (Mq
5.4,5)
1) humanidade: ele teria “o Seu Deus”;
2) divindade: ele compartilha a “excelência do nome do
Senhor” e suas “origens são desde os tempos antigos, desde os dias da
eternidade”;
3) pastoreado do povo (liderança, proteção e direcionamento);
4) unção: “na força do
Senhor”;
5) domínio universal;
6) liderança de um reino de
paz.
- O Messias é libertador
físico e espiritual que trará (já trouxe para a Igreja do Senhor) a paz para o
seu povo.
CONCLUSÃO
Miquéias apresenta o Senhor como um Deus que se compadece
do Seu povo, que não só perdoa a iniquidade, como a esquece por completo (Mq
7.19). É impossível retirar algo do fundo do mar. No entanto, nós, muitas vezes,
seguramos nossos próprios pecados e não deixamos que o Senhor os lance no mar
do esquecimento. Fazemos isso quando não deixamos a prática pecaminosa, quando
“acalentamos o pecado em nosso coração” (Sl 66.18, NVI; o que é acalentar?).
Quando fazemos isso, o Senhor não nos ouve (Mq 3.4). Mas quando declaramos com
nossos próprios lábios que caímos, que pecamos contra o Senhor, mas nos
arrependemos e buscamos a Sua face, aí poderemos experimentar a compaixão de
Deus (7.8 cf 7.18). Ele vai executar o Seu juízo e devemos aceitá-lo e esperar
com paciência. Durante a espera, cabe a nós obedecer, ser íntegros por dentro e
por fora e não oferecer sacrifícios vazios.
“É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe
em sacrifício as melhores ovelhas”
(I Sm 15.22, NTLH)
Lorena Brandizzi
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