quinta-feira, 3 de março de 2011

"A catástrofe e a solidariedade em O ano de 1993"


“O ano de 1993” é um obra cuja materialidade tem intrigado os críticos literários. O texto não é escrito em prosa, mas também não o é em verso, não se trata de um poema e é difícil reconhecê-lo como um romance. O livro compõe-se de trinta partes e é escrito em forma de versículos, sem pontuação alguma, como um fluxo ininterrupto. Entretanto, é interessante notar que a ausência de tais sinais gráficos não prejudica a compreensão do texto. Américo Antônio Lindeza Diogo, em seu artigo “‘O ano de 1993’: representação e poder”, define a obra de José Saramago como uma distopia. Américo Diogo defende a hipótese de que Saramago traz do futuro a ideia de um provérbio:
“Sendo importante a imprecisão genelógica, não parece valer muito a pena dar-lhe a volta em oitenta gêneros. Publicado em 1975, e necessariamente escrito antes, O Ano de 1993 é uma alegoria que produz uma duplicidade de sentido com base numa diferença: (...) um tropo em que o que se diz significa outra coisa (...). Especificamente, esta alegoria será da espécie da paroemia, enquanto (...) história ajustada a outros tempos e assuntos (...). Aqui o provérbio não seria trazido ao presente do passado, mas do futuro; e a ocupação do território por um exército invasor significa o fascismo caseiro. Estamos diante do topos conhecido da ‘cidade ocupada’ (...) narritivizado aqui como utopia ou distopia.” (p.65)
Saramago “conta” a história da humanidade no futuro ano de 1993. O espaço de toda a obra é um espaço de ruínas. Na verdade, esse espaço são dois: o espaço de dentro e o espaço de fora da cidade sitiada. Do lado de dentro está o ocupante, está a peste. Dentro também estão aqueles que se conformaram com a submissão, que aceitaram a dominação, a humilhação e o controle. Do lado de fora estão aqueles que fugiram, que se rebelaram e no meio das florestas formaram tribos. O poder do ocupante, no entanto, extrapola os muros da cidade, mas não completamente, pois, apesar de poder perseguir as tribos fugitivas por meio de seus animais mecânicos, ele não pode dominá-las como domina os que estão dentro da cidade.
Saramago, ao contar essa história, fala de dois tipos de conduta: a conduta da aceitação, da submissão e a conduta da resistência, da revolta. Tanto dentro quanto fora da cidade há o terror, o medo, a ruína. Mas do lado de fora ainda há resistência, ainda há esperança, ainda há solidariedade. Ao contar essa história de natureza escatológica, Saramago revela uma certa tendência pós-moderna, pois a pós-modernidade caracteriza-se por um sentimento de incerteza quanto ao futuro, por um sentimento de dúvida. Aquela crença no progresso que caracterizava a era moderna, aquela euforia, começa a esvair-se à medida que se percebe que a sociedade começa a caminhar para a destruição. Enquanto o pensamento moderno privilegia a ordem pelo progresso, a pós-modernidade tem como princípio a liberdade, a divergência. Percebe-se que o ocupante faz uso da tecnologia para oprimir os habitantes da cidade e perseguir os resistentes, como na 17a parte do livro em que os animais são desviscerados e transformados em animais mecânicos. Há uma crítica ao progresso desmedido ou inconsciente cujos frutos apontam para a opressão e a dominação do outro.
“O ano de 1993” foi escrito por Saramago na França, quando ele foi expulso de Portugal devido às suas ideias excessivamente críticas em relação ao seu país, ao atraso em que se afundava Portugal, vivendo de glórias passadas. Em seu livro Saramago enaltece o valor da liberdade, demonstrando que é preferível viver do lado de fora da cidade, debaixo dos perigos da natureza e das perseguições, do que viver debaixo do domínio do ocupante, debaixo da humilhação e da degradação, ou seja, é melhor lutar pela liberdade do que resignar-se, é melhor ter coragem do que “cavar túneis rasos” como os homens-topeira da décima parte do livro.
Dentre os inúmeros temas que podem ser abordados diante da pluralidade temática do livro, trataremos do aspecto da solidariedade entre os resistentes que fugiram da cidade e formaram tribos. Abordaremos a situação narrada na décima quarta parte do livro em que o narrador descreve a forma como se dava a proteção da tribo durante a noite: dois homens e duas mulheres permaneciam acordados nesse período, alertas quanto a qualquer perigo, defendendo “o sono cansado da tribo ou rebanho de gente que vagueia pelos campos” (p.55). Pela manhã a tribo desperta e se divide em quatro grupos para agradecer a proteção dos vigilantes. Em seguida, o homem do norte e a mulher do sul, e o homem do oriente a mulher do ocidente se unem em relação sexual. O restante da tribo celebra cantando o nascer de um novo dia enquanto os casais ainda permanecem unidos. O sol nasce e cobre os corpo nus que representam a esperança da tribo, pois garantem a sua segurança, a continuidade da vida.
Partiremos da hipótese de que a segurança da tribo deriva da união e do afeto e também da solidariedade. No entanto, também argumentamos que há uma motivação para essa solidariedade e que ela deriva da calamidade, do ambiente catastrófico em que se insere a tribo e que isso é uma característica da modernidade na obra.
A fuga da cidade sitiada representa para os componentes dessa tribo uma busca pela esperança, pois do lado de dentro da cidade não há esperança, não há perspectiva de mudança, há apenas submissão e humilhação como na ocasião em que “ao comandante apraz usar o chicote” (7a parte, p.29). Nessa ocasião é interessante notar como a autoridade despreza os valores da honra militar para fazer uso dos poderes ocultos do feiticeiro com o objetivo de apenas satisfazer um capricho. A redução de todos os habitantes da cidade a um corpo é necessária para que o comandante possa chicotear a todos de uma só vez. Não lhe basta chicotear apenas os lombos, como se faz aos escravos. Precisa chicotear-lhes as faces. Apesar de tamanha humilhação (pois noutros tempos a face chicoteada motivaria duelos), os habitantes da cidade não entendem as marcas reconhecidas nas faces, pois não se lembram de terem sido chicoteados e nem consentiriam em sê-lo, no entanto o foram. A cidade reduzida a um corpo simboliza a sociedade que enquanto corpo social se submete às mais diversas humilhações, a ponto de se permitir ser atingida em sua própria face, em sua própria identidade. Não se faz necessária a figura de um feiticeiro para que tal redução se opere, basta que a sociedade enquanto corpo uno se submeta ao poder da ideologia. A tribo que dorme protegida pelos quatro vigias prefere os perigos da noite aos perigos da opressão, prefere submeter seu corpo ao frio e à quase desumanização do que submeter sua face, sua identidade ao chicote da dominação.
Dentro da cidade, sob o domínio do ocupante, não há solidariedade. Além de se submeterem cegamente às humilhações e degradações que “apraz” ao ocupante impor-lhes, os próprios habitantes humilham-se entre si. É o que se vê na ocasião em que o ordenador determinou que todos fossem numerados na testa com números de 1 a 57229. O problema é que “ninguém reconhecia autoridade a quem tivesse número superior ao seu o que explica que o 57229 comesse com o cães (...)” . Dessa forma, em vez de unirem-se contra as humilhações propostas naquela determinação hostil, os habitantes aceitam e se acomodam de tal maneira que “os habitantes de 1 a 9 consideravam-se chefes da cidade e vestiam segundo a moda do ocupante” (19a parte, p.77), ou seja, uma ilusão lhes é oferecida e eles a aceitam sem nenhuma objeção. Entretanto, dentro de 24 horas os números serão invertidos e as humilhações serão retribuídas até à morte. O ambiente é tão catastrófico quanto do lado de fora da cidade. Os habitantes vivenciam a mesma calamidade, no entanto, entre eles não há solidariedade, não há afeto, não há união. Saramago sugere que na resistência a solidariedade se faz necessária para a manutenção do grupo, enquanto na submissão e aceitação inconsciente nem mesmo há a figura de um grupo, são pessoas que não se esforçam pela conservação da vida e da paz (do outro), pessoas que vivem por si e para si mesmas.
O mundo moderno, capitalista, é um mundo esmagador na medida em que se mostra um mundo sedutor, um mundo de mercadorias. O capitalismo tem que manter as pessoas nesse estado de ilusão ao mesmo tempo em que as mantém em uma situação de insaciabilidade. A continuidade do sistema capitalista depende da submissão inconsciente da sociedade às suas leis. Para que os que dominam continuem no domínio faz-se necessário que a ilusão seja perpetuada. Saramago, no entanto, ao criar uma situação em que esse processo se inverte, demonstra quão efêmero e ilusório é o poder. A situação ilustra o famoso dito popular: “Não faça aos outros o que não quer que façam a você”. Na sociedade moderna não há espaço para uma atitude deste tipo. A busca pelo lucro a qualquer custo e a busca pelo poder político partem justamente de um princípio oposto: o do egoísmo. O que dizer de Portugal e seu passado? Um país que vive de “glórias passadas”. Como cantou Fernando Pessoa, por causa da ânsia por tais glórias muitas mães choraram:
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!”
(...)
Fernando Pessoa, Mensagem, II Parte
Aqui cabe a mesma pergunta entoada pelo poeta: “Valeu a pena?”. A modernidade reservou para Portugal um lugar periférico. Não era possível para Portugal retomar o seu lugar de glória dentro do cenário europeu. O capitalismo é um processo irreversível. Portugal não poderia reconciliar-se com os seus anos de ouro, não poderia retomar o seu lugar de prestígio na Europa, pois o seu papel dentro da mesma modernidade que trouxe o capitalismo era um papel subalterno, o papel de periferia. O atraso de Portugal era a sua forma de participar da modernidade capitalista, uma modernidade que traz como característica a desintegração, a degradação, por mais que a globalização pareça justamente o contrário. A poesia se mostra como o espaço por excelência para a expressão de todas essas contradições, de toda essa tensão. Por tal motivo é que Adorno sugere que o fundamento de toda lírica individual seja “uma corrente subterrânea coletiva” (2003, p.77)
. Por mais subjetivo que pareça ser o poema, por mais alienado que ele venha a se mostrar, diante de uma leitura que se recuse a ser superficial ou ingênua, ele revelará um conjunto de contradições, toda aquela tensão para a qual não havia espaço no calor dos movimentos sociais. Ousamos aqui transpor a sugestão de Adorno para a obra de Saramago, mesmo diante da impossibilidade de classificá-lo como poema ou romance. Acreditamos que “O ano de 1993” revela contradições típicas da modernidade, como as já sugeridas acima.
Saramago, de certa forma, alerta o leitor quanto à necessidade de despertar. Ele apresenta a ocupação da cidade como um evento catastrófico, mas ao mesmo tempo desencadeador de processos importantes. Na vigésima primeira parte o narrador descreve a maneira como o homem regrediu a um estado de primitiva desumanidade para de lá reaprender a linguagem, mesmo que a princípio fosse a “a linguagem simplificada da fome e do frio” (20a parte, p.87). Américo Diogo, em seu já referido artigo sugere que “criar o mundo e reentrar na cidade equivalem-se: são um acto só de reivindicação da linguagem humana de que nos acharíamos momentaneamente alienados” (Ibdem, p.68). O autor ainda afirma que “de facto, e em todos os sentido, O Ano de 1993 transforma a pré-história dos homens, de que os homens ainda não saíram, numa natureza a que os homens regressam confiantes ainda quando as carnes tremem” (p.66). O autor reconhece até uma certa identidade entre as duas sociedade:
“Haveria, fora da História, uma sociedade natural - uma sociedade desocultada. Não seria isto uma utopia, mas um topos, e muito literalmente. Ora, pode facilmente observar-se que a tribo perseguida até à natureza (chega-se lá perdendo memória, linguagem, humanidade) e a cidade ocupada são tipos de sociedade muito similares, à conta de um radical empobrecimento político. A transparência da sociedade natural assenta numa identidade pré-cívica (a essência humana imagina-se como um resíduo instintual), a qual tem sua correspondência na identidade da urbe manipulada, que se poderia dizer pós-cívica. Dois inertes diferentemente avaliados, mas em ambos os casos um coletivo identitário - um não-eu resultante de uma solidariedade de células iguais.” (p.66, 67)
Nos vemos obrigados a discordo de Américo Diogo naquilo em que o autor aproxima a tribo dos habitantes que permaneceram na cidade. Não reconhecemos dentro da cidade nenhum tipo de solidariedade entre os habitantes, pelo contrário, o que constatamos de forma emblemática na ocasião em que cada morador recebe um número é a própria expressão da não-solidariedade, do egoísmo e da prepotência cega. Dentro dos muros da cidade ocupada não há solidariedade. Parece que foi necessária uma calamidade para que o homem se tornasse capaz de reaprender a ser homem, assim como foi necessário o desastre e a fuga para que o homem reaprendesse a ser solidário.
A tribo se refugia nas florestas e teme os perigos noturnos. No entanto quatro pessoas abrem mão do seu sono para defender o “sono cansado” daquele rebanho de gente. Não são quatro pessoas aleatórias, são dois homens e duas mulheres. Não há hipocrisia: eles estão “atentos a todas as sombras e gritam quando há perigo”. Eles defendem a tribo de toda “sombra”, da sombra do medo, da sombra da solidão, da sombra da desunião, pois os casais se unem pela manhã, personificando o próprio afeto que une a tribo. E protegem-na de uma sombra ainda maior, a sombra do desânimo que poderia levá-los à desistência, à rendição. E, assim, “a noite decorre muitas vezes calma” (p.55), possibilitando o nascer de mais um novo dia em cada um daqueles resistentes. Percebe-se, dessa forma, que a segurança da tribo, como dissemos acima, deriva do afeto, da união entre os casais que personificam ou representam a união de todo o grupo. A solidariedade só se manifestou em meio à calamidade, como se esta tivesse sido necessária para que o homem redescobrisse a própria humanidade. Pela manhã os casais se unem em uma união ainda mais íntima, “porque assim foi decidido que deveria acontecer todas as manhãs” (p.56). Quem decidiu que assim deveria ser? Talvez a própria tribo, talvez os próprios casais. Talvez eles assim o tenham decidido para que toda manhã se lembrassem do valor da união, para que mesmo depois das noites mais sombrias eles pudessem praticar um ato representativo do afeto que os leva todas as noites a sacrificarem-se pela continuidade da vida. O sol, ao inaugurar o novo dia, ilumina os quatro corpos nus, revelando em sua luz a solidariedade que se manifestou nas sombras, durante a noite.
Ainda há lugar para a manifestação de um outro sentimento: a gratidão. No momento em que a tribo agradece o sacrifício dos vigias parece haver uma quebra na união do grupo, pois ele se divide em “quatro grupos conforme os pontos cardeais e vai agradecer aos vigias a vida conservada” (p.56). Essa divisão é apenas física, pois é a manifestação de um sentimento que percorre todo o grupo. É interessante notar que tal sentimento não encontra lugar na sociedade moderna. A divisão social do trabalho traz a ideia de que cada um faz o que tem que fazer. Porque agradecer (de forma sincera, não com um ‘obrigado’ vazio e mecanizado) a um policial pela sua ronda noturna? Afinal, ele “recebe” para isso. Porque agradecer a um professor pela lição que ensina? Essa é a sua profissão, ele tem o “dever” de fazê-lo. No entanto, a calamidade desfez esses sistemas. Ninguém faz algo porque vai receber algo por aquilo. Todo e qualquer ato de solidariedade ou bravura entre os resistentes é motivado por um sentimento de união que torna possível a continuidade da vida e da resistência. É o que se percebe quando um homem rouba a luz do sol para garantir o retorno do ânimo (ou da própria vida) que se perdeu com o apagar do fogo. Esse elemento masculino sai em proteção da tribo e volta com sua mão erguida num gesto de oposição aos braços cruzados, em uma atitude de encontro do indivíduo com a coletividade. A tribo reconhece um ponto luminoso no companheiro que se aproxima, “uma labareda que vinha no braço levantado e que era a própria mão ardendo da luz do sol roubada” (18a parte, p.73). O que motivou tal atitude de bravura não foi a expectativa de uma recompensa pecuniária ou de um reconhecimento por parte de seus companheiros. O que motivou a atitude deste homem foi a solidariedade gratuita, o desejo de que sua tribo tivesse esperança novamente. Da mesma forma, o casal que se afasta da tribo numa noite chuvosa “suplica”. Quem sabe suplicaram por suas próprias vidas, mas os fatos que se seguem parecem não confirmar tal conjectura. A árvore os recebe dentro de si e junta ao sangue deles a sua seiva. Pela manhã o casal ouve os ataques que a tribo está sofrendo e a árvore, agora dotada de movimentos, sai da floresta e defende a tribo fazendo “dos seu ramos laços e lanças e dardos das folhas agudas” (p.83). Aqui também, mais uma vez, a solidariedade sobressai em meio ao desastre.
A respeito das personagens de “O ano de 1993”, Horácio Costa, em seu artigo “A construção da personagem de ficção em Saramago”, afirma que “neste relato fragmentário, em versículos, que narra a libertação de uma cidade ocupada, escrito sob o lema da ficção futurante-distópica”, Saramago privilegia um processo coletivo: “o da insurreição de uma população antes aterrorizada e a consequente expulsão dos invasores da cidade libertada” (p.207). Horácio Costa ainda explica que neste texto fragmentário “não há personagens no sentido usual da palavra e (...) as poucas figuras que nele aparecem se caracterizam pelo anonimato, pela ‘funcionalidade’ de ‘agentes da transformação histórica’”. Com base no que sugere o autor, é perceptível a formação de um corpo social diverso daquele que é chicoteado do lado de dentro da cidade. Os resistentes, mesmo em meio às mais diversas privações e perseguições, permanecem unidos e o corpo social que resulta dessa união é realmente um “agente de uma transformação histórica”: a suplantação do autoritarismo, a recuperação da cidade e a morte dos invasores, não como vingança, mas porque “eram os senhores da morte os empresários da tortura e por isso tinham de ser retribuídos na única moeda que conheciam” (28a parte, p.114).
“O ano de 1993”, como lembramos acima, foi escrito por Saramago em uma situação de degredo. Reconhecemos no livro uma mensagem para aqueles que ficaram em Portugal. No entanto, a obra de Saramago é universal e, em sua “ética-estética futurante distópica” (COSTA, p.212), representa uma mensagem para a humanidade. Dentro da interpretação aqui proposta, tal mensagem adverte quanto à necessidade de a humanidade despertar do estado de inércia em que a modernidade a deixou. Na história narrada em O ano de 1993 foi necessária uma calamidade para que o homem despertasse e esse despertar representou um retorno a uma natureza primitiva para que, de lá, ele pudesse re-aprender a linguagem, uma linguagem da qual a modernidade o privou, ou melhor, o alienou: a linguagem da fome, do frio, da solidariedade, enfim, a linguagem da resistência.
BIBLIOGRAFIA
ADORNO, Theodor W. “Palestra sobre lírica e sociedade”. In Notas de literatura I. São Paulo: Duas Cidades / Editora 34, 2003.
COSTA, Horácio. A construção da personagem de ficção em Saramago: da ‘Terra do Pecado’ ao ‘Memorial do Convento’. In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, no 151/152, Jan. 1999, p. 205-217. Disponível em: <http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/issueContentDisplay?n=151&p=205&o=p> Consulta em novembro de 2010.
DIOGO, Américo Antônio Lindeza Diogo. ‘O ano de 1993’: representação e poder. In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, no 151/152, Jan. 1999, p. 65-78. Disponível em: <http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/issueContentDisplay?n=151&p=65&o=p> Consulta em novembro de 2010.
LONTRA, Hilda (org.). Modernismo - Pósmodernismo - Modernidade - Modernidade tardia era do vazio. (Material publicado originalmente em <http://www.eternoretorno.com>, em agosto de 2008, consultado em fevereiro de 2010 e preparado pela prof. Hilda Lontra para a disciplina Literatura Portuguesa - Modernismo, UnB. Brasília, novembro de 2010)
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2008. 36a edição.
PESSOA, Fernando. “Mar Português” In: Obra poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar S.A., 1977. p. 82 (Mensagem/II Parte).
SARAMAGO, José. O ano de 1993. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A norma culta e o português jurídico

  Por que os textos oficiais devem obedecer às regras gramaticais da língua portuguesa? Uma análise do inciso V do art. 5º da Portaria...