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sábado, 29 de junho de 2013

MIQUÉIAS: A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA





INTRODUÇÃO 

         O que é um rito? De acordo com o comentarista da lição, rito é “o conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de simbolizar o fenômeno da fé”. No livro de Miquéias, percebemos que o povo de Deus parecia cumprir os rituais exigidos pela Lei (e a até o que a lei não exigia). O povo, no entanto, não compreendia a essência da Lei. Suas ações eram mecânicas e cumpridas como “simples obrigações religiosas”.
         O livro de Miquéias nos mostra a indignação do Senhor com relação ao seu povo e também nos revela os motivos dessa indignação. Na figura de um tribunal, Deus é aquele que denuncia, testemunha e julga o seu povo. Ao mesmo tempo em que se senta no banco dos réus e convida seu povo a testemunhar contra Ele, dizer o que Ele teria feito de errado para que se afastasse dele daquele forma. Ele é também o advogado, aquele que defende os que se arrependem de forma sincera.
         Por meio dessa lição poderemos compreender:

-  Onde foi que o povo errou?
-  O que Deus esperava do Seu povo?
-  A ira inevitável de Deus para os rebeldes.
-  A compaixão inigualável de Deus para os que se arrependem.

         Além disso, veremos que tais ensinamentos são bastante atuais. As profecias se dirigem a Israel e a Judá, mas também a todas as nações, em todos os tempos. Uma prova disso é o fato de que Miquéias profetizou o advento do Messias e a libertação que Ele operaria sobre todos os povos. Tal promessa se cumpre todos os dias, na Igreja do Senhor.

DESENVOLVIMENTO

O profeta Miquéias
-  Contemporâneo de Isaías e Oséias (séc. VIII a.C);
-  Ministério: Reino do Sul (Judá). Mas suas profecias são também para Samaria e para todas as nações. Entre os anos de 735 a.C. e 710 a.C. (Jr. 26.18) - Reinado de Ezequias;
-  Viveu nos reinados dos reis Jotão (740-731 a.C.), Acaz (731-716 a.C) e Ezequias (716-686 a.C);
-  Origem: Moresete-Gate (a 32 km de Jerusalém);
-  Mi (“quem”) que (“como”) ias (“Jeová”): “Quem, ó Deus, é semelhante a Ti?”;
-  Estilo poético;
- Tema do livro: “a incomparável compaixão do Senhor”[1].

Denúncia
“Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria?
-  Samaria, a capital de Israel (reino do Norte) era responsável pela transgressão do povo. Sua influência levou ao aumento da idolatria e do pecado no Reino do Sul (1.9).
“E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém?”
-  Jerusalém, a capital de Judá (reino do Sul) era responsável pelos altos, pela idolatria de Judá.

Somos responsáveis por nosso pecados, mas também somos responsáveis por nossos irmãos. Não devemos levar o irmão a pecar. “... É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!” (Lc 17.1)

Como nasce o pecado?
“Ai daquele que:
1)   “intenta”, deseja a iniquidade “à noite” (dá lugar a maus intentos);
2)   maquina o mal (premeditação);
3)   pratica o pecado “à luz da alva” (põe em prática o pecado planejado e escandaliza os outros)

Que pecados o povo cometeu?
-      cobiças, roubos, violência (2.1,2)
-      falsas profecias - espírito de falsidade e mentira (2.11)
-      liderança corrompida - canibais (3.1-3)
-      profetas que fazem errar o povo (3.5)
-      perversão do que é direito - “nada a ver” (3.9)
-      chefes que dão sentenças por presentes
“se encostam ao Senhor” (3.11)
-      sacerdotes que ensinam por interesse
-      profetas que advinham por dinheiro
-      sacrifícios o ofertas sem arrependimento, até sacrifícios humanos (6.6,7)
-      “tesouros de impiedade” – coisas adquiridas de forma errada (6.10)
-      injustiça no proceder – “efa pequeno”, “balanças enganosas” (6.10,11)
-      mentira (6.12)
-      andar nos caminhos dos ímpios (6.16)
-      divisões dentro do lar (7.6)

A figura de um tribunal: o Senhor é quem:
-  denuncia (não “acusa”) e testemunha: nada é oculto aos olhos do Senhor. O povo pensava que se mantivesse as aparências (os ritos), o Senhor ignoraria seus pecados.
-  julga: só ao Senhor cabe julgar. (Tg 4.12)
-  defende: (I Jo 2.1) ele advoga a causa daquele que (7.9):
1)     assume o seu pecado e se arrepende (“pequei contra Ele”)
2)     deseja levantar-se e deixar o pecado (“levantar-me-ei”)
3)     busca o perdão do Senhor (“o meu Deus me ouvirá”)
4)     aceita o julgamento de Deus, o tratamento que Ele lhe impuser (“sofrerei a ira do Senhor”)
5)     espera o tempo de Deus (“até que julgue a minha causa”, “esperarei no Senhor”)

O que Deus espera do seu povo?
- honestidade em tudo (Deus se importa com os detalhes)
- fidelidade e beneficência (compaixão Mt 5.7)
- compromisso de submeter-se a Deus (depender totalmente dEle, humildade)
(Dt 10.12,13; Is 1.15-17; Mt 12.7; Mt 23.23; Tg 1.27)

“Os três preceitos – praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus – são considerados pela tradição judaica, desde o século I a.C., o resumo dos 613 preceitos depreendidos da lei de Moisés. (...) Os dois primeiros preceitos falam do compromisso horizontal [I Jo 3.16] com o nossos próximo; e o terceiro, do  compromisso vertical [I Jo 4.21] com Deus. Isso vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).”[2]

Qual o problema com os sacrifícios (ritos)?
“Nada é aceitável a menos que a pessoa esteja em um relacionamento adequado com Deus e com o próximo.”[3]
- Os sacrifícios oferecidos pelo povo na época de Miquéias eram como “indulgências”, como se estivessem pagando uma taxa para poderem permanecer em seus pecados. Não há valor em sacrifícios e ofertas, liturgias e ritos praticados sem um coração comprometido com Deus. “Milhares de carneiros”, “ribeiros de azeite”, “o próprio filho”, um carro, meu salario inteiro, cânticos vazios de adoração, são inúteis e apenas irritam ao Senhor, quando não há obediência.

“Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti, senão que temas o Senhor, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para guardares os mandamentos [obedecer] do Senhor e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?” (Dt 10.12-13)

“Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido (...)” (Is 1.15-17)

Profecias do cativeiro babilônico
- Antes mesmo que a Babilônia se tornasse um poder mundial.
- Cativeiro (escravidão): julgamento de Deus contra a rebelião e a idolatria do povo.
- Samaria influenciou maleficamente Judá: muitos altos foram construídos (idolatria dos cananeus em disputa com a verdadeira adoração)
- Esperança: um “restante” seria restaurado. Dois sentidos: restauração do cativeiro e/ou restauração espiritual de muitos povos ( a Igreja)
- Compaixão: “Quem, ó Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da Tua herança” (7.8)

Promessas de Esperança
- Miquéias profetizou o nascimento do Messias em Belém de Efrata, que na época era um cidade pequena e desconhecida.
- Sua profecia apresentava seis aspectos do Messias (Mq 5.4,5)
1) humanidade: ele teria “o Seu Deus”;
2) divindade: ele compartilha a “excelência do nome do Senhor” e suas “origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”;
3) pastoreado do povo (liderança, proteção e direcionamento);
4) unção: “na força do Senhor”;
5) domínio universal;
6) liderança de um reino de paz.
- O Messias é libertador físico e espiritual que trará (já trouxe para a Igreja do Senhor) a paz para o seu povo.

CONCLUSÃO

            Miquéias apresenta o Senhor como um Deus que se compadece do Seu povo, que não só perdoa a iniquidade, como a esquece por completo (Mq 7.19). É impossível retirar algo do fundo do mar. No entanto, nós, muitas vezes, seguramos nossos próprios pecados e não deixamos que o Senhor os lance no mar do esquecimento. Fazemos isso quando não deixamos a prática pecaminosa, quando “acalentamos o pecado em nosso coração” (Sl 66.18, NVI; o que é acalentar?). Quando fazemos isso, o Senhor não nos ouve (Mq 3.4). Mas quando declaramos com nossos próprios lábios que caímos, que pecamos contra o Senhor, mas nos arrependemos e buscamos a Sua face, aí poderemos experimentar a compaixão de Deus (7.8 cf 7.18). Ele vai executar o Seu juízo e devemos aceitá-lo e esperar com paciência. Durante a espera, cabe a nós obedecer, ser íntegros por dentro e por fora e não oferecer sacrifícios vazios.

“É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas”
(I Sm 15.22, NTLH)
Lorena Brandizzi



[1] Bíblia de Estudo Plenitude
[2] SOARES, Esequias. Lições Bíblicas, 4o trimester de 2012, lição 7, pg. 51.
[3] Bíblia de Estudo Plenitude

terça-feira, 6 de abril de 2010

O valor do altruísmo no filme "Prova de Fogo"

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Pesquisas têm mostrado que o número de divórcios tem subido cada vez mais ao longo dos últimos anos. Segundo matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo (www.estadao.com.br), com base em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o divórcio no Brasil, em 2007 a taxa de divórcio chegou a “1,49 por mil (1,49 divórcios por cada mil habitantes), crescimento de 200% em relação a 1984, quando era de 0,46 por mil. Em números absolutos os divórcios concedidos passaram de 30.847, em 1984, para 179.342 em 2007”. Diante de um quadro desses, sustentar que há uma outra solução para um casamento desgastado é algo extremamente complexo e igualmente polêmico.

Apesar das estatísticas, essa foi a proposta da Igreja Batista Sherwood, no estado norte-americano da Geórgia, ao produzir “Prova de fogo”. O filme retrata a história de um casal sem filhos cuja convivência se tornou insuportável devido à falta de diálogo e ao egoísmo, pois ambos estavam interessados apenas em seus respectivos planos e sonhos. A situação chega a um nível tão critico que a única solução vislumbrada pelo casal é o divórcio.

Para representar a situação desse casal os atores apresentam uma série de comportamentos considerados indesejáveis para uma relação conjugal. Apesar de seu caráter ficcional, o filme retrata situações frequentemente vividas por casais em crise. A concepção cristã do comportamento reprovável e prejudicial perpassa todo o filme. A falta de diálogo afeta profundamente a relação do casal que, com o passar dos anos, deixou de se comunicar, tanto pelo fato de que tudo se tornara rotina e criam não haver mais nada que compartilhar, quanto pelo fato de que ambos se dedicavam quase que exclusivamente aos seus próprios planos e rotinas. O egoísmo e o individualismo são temas reiteradamente abordados ao longo do filme. Na realidade, o enfraquecimento dos vínculos afetivos se mostra como resultado justamente desse afastamento do casal.

A primeira terça parte do filme apresenta os desentendimentos vividos pelos cônjuges, desentendimentos estes que têm seu ápice em uma discussão na qual, depois de ser cobrado pela esposa a respeito de suas responsabilidades no lar, o marido violentamente sugere o divórcio. Depois dessa discussão, a mulher decide definitivamente pela separação. Apesar de demonstrar querer o fim do relacionamento, o esposo, após ser insistentemente interpelado pelo pai, revela que, se fosse possível, desejaria, sim, salvar seu casamento, porém não acredita nessa possibilidade. O pai lhe oferece então um livro cujas instruções deveria seguir por quarenta dias.

O livro, composto por quarenta capítulos que continham instruções a respeito de como comportar-se, como tratar o cônjuge, que atitudes evitar e que hábitos cultivar, deveria ser lido e praticado todos os dias, um capítulo por dia. Por meio das instruções contidas neste livro o filme apresenta o perfil da “relação saudável”, verdadeiramente cristã. Dessa forma, em contraste com aquelas atitudes individualistas o esposo deveria esforçar-se para adotar um comportamento altruísta, solidário e atencioso.

Nos primeiros dias do desafio, o homem seguiu as orientações do livro sem, contudo, demonstrar sinceridade em seus atos. A mulher permaneceu indiferente à mudança do marido e chegou até a pensar e comentar com as amigas que o único interesse dele seria conquistar sua confiança para que ela não exigisse nada no divórcio. Percebe-se aqui, uma questão central da doutrina cristã: enquanto o homem não aliou às novas atitudes uma nova maneira de compreender a esposa, de amá-la, ele não obteve sucesso em suas investidas, ou seja, “A fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta...” (Tiago II, v. 17, Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, São Paulo, Editora Vida, 2001). Ao representar essa contradição o filme combate, mesmo que indiretamente, muitos dos comportamentos que são adotados no interior das famílias: de que adianta um esposo presentear a mulher talvez com o único objetivo de aplacar sua ira, se não nutre por ela um sentimento real que se revele por meio de atitudes até menores que um presente, como por exemplo, o simples ato de tomar para uma de suas responsabilidades em dias difíceis? Qual o valor de uma mesada para a vida de um filho, se este não tem a figura paterna presente em momentos de crise? De que vale um buquê de flores, um cartão com um “eu te amo”, se, na realidade, para o esposo, isso não passa de frivolidade? Nas entrelinhas das cenas que se sucedem, esses são alguns dos questionamentos que se percebem submersos.

A situação desse casal se complica ainda mais quando a esposa passa a ser seduzida por outro homem, também casado. A inserção de outro personagem comprometido na trama cria um interessante efeito. Se para esse segundo homem a traição se mostra como algo normal, externo à sua estrutura conjugal e incapaz de afeta-la, a tal ponto que ele não empreenda nenhum esforço em resistir à atração que sente por essa jovem, por que deveria o protagonista esforçar-se por salvar seu matrimônio, enfrentando a indiferença, o ódio e o desprezo de uma mulher que ele cria já não mais amar? Seria, talvez, mais fácil encontrar uma outra mulher prontamente disposta a retribuir-lhe a afeição.

Mesmo diante de tais conflitos o esposo não desiste, afinal, havia assumido um compromisso, primeiro com seu pai, depois consigo mesmo. Acostumado à disciplina, pois trabalhava como bombeiro militar, o homem persiste, até que aquelas simples atitudes deixam o domínio das “obras” para tornarem-se verdadeiras expressões de sua própria “fé”. Assim ele abandona, aos poucos e não sem sofrimento, o seu egoísmo, seu individualismo e chega à conclusão de que quer sim salvar seu casamento. A esposa demorará a reconhecer como verdadeiras as atitudes do marido, mas uma delas a surpreenderá a ponto de transformar o seu desprezo em admiração. Tal mudança se opera quando o marido abre mão de um sonho ao qual se dedicara nos últimos sete anos: a compra de um barco. Ele emprega todo o dinheiro que economizou na compra de equipamentos médicos para a sogra que sofria já há muito tempo com as dificuldades de uma esclerose múltipla. Nesse momento ela compreende que seu marido realmente havia mudado e decide, até, participar dessa mudança, ou seja, ela própria passa a querer abandonar seu comportamento egoísta em prol do seu casamento.

Ao apresentar de forma tão realista os conflitos desse casal os produtores do filme se esforçam por provar que o divórcio não é a única saída para os problemas matrimoniais e que, mesmo que um casal acredite que não haja mais amor no relacionamento, esse amor ainda pode estar lá, apenas aguardando ser despertado por simples atitudes, pelo simples ato de abrir mão de alguns sonhos individuais em benefício de um plano maior: a vida a dois.


Por Lorena Brandizzi

Outubro de 2009

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